Pré, peri e pós-menopausa: quais são as fases da menopausa?

Pré, Peri e Pós-Menopausa: Afinal quantas fases e tipos menopausa existem?

Quantas vezes já ouviste falar em termos como ‘perimenopausa’ sem perceber exatamente o que significam? Sabias que a menopausa, na verdade, acontece num único dia? Neste artigo vamos clarificar tudo isso!

Habitualmente usamos a palavra ‘menopausa’ como um termo genérico para descrever o período da nossa vida caracterizado pelos sintomas relacionados com as alterações hormonais, que culmina com o fim das menstruações. É muito comum utilizarmos expressões como “já entrei na menopausa”, “a minha menopausa está a ser muito difícil”, “estou a entrar na menopausa”, ou “estou em pré-menopausa”.

No entanto, a menopausa ocorre num único dia: o dia do último período menstrual. Sim, é verdade! A partir desse dia, e para o resto da vida, estamos na fase da pós-menopausa. O que frequentemente chamamos de “entrar na menopausa” refere-se, na verdade, à perimenopausa.

Parece confuso?

Para evitar mal-entendidos vamos esclarecer alguns conceitos fundamentais sobre as fases da menopausa.

Quais são as fases da menopausa?

Pré-menopausa

Em termos médicos, a pré-menopausa é o período que inclui toda a idade fértil desde a primeira menstruação até à menopausa. Nesse sentido, mesmo aos 20 anos estamos em pré-menopausa. Contudo, em linguagem comum, a pré-menopausa é frequentemente usada para descrever apenas os anos que antecedem diretamente a menopausa.

Transição menopáusica e perimenopausa

A transição menopáusica é o período de tempo variável que se inicia com as irregularidades do ciclo menstrual e que termina com a última menstruação.

Embora o termo transição menopáusica seja frequentemente usado como sinónimo de  perimenopausa, esta última estende-se para além da transição menopáusica e inclui os primeiros 12 meses após a última menstruação. 

É durante este período de transição que começam a surgir os sintomas “clássicos” da menopausa. Portanto, quando em linguagem comum dizemos “estou a passar pela menopausa” ou “a minha menopausa está a ser difícil”, na verdade referimo-nos à perimenopausa.

A perimenopausa dura, em média, 4 a 8 anos, mas pode variar significativamente de mulher para mulher. Para algumas, pode ser mais curto, enquanto para outras pode estender-se por 10 ou mais anos.

A experiência da perimenopausa é diferente para todas as mulheres, e a idade de início pode variar bastante. Em média, inicia-se aos 45 anos mas, em alguns casos, pode começar mais cedo. Podes começar a ter sintomas, mesmo que subtis, a partir dos 40 ou até mesmo dos 35 anos. 

O que acontece durante a perimenopausa?

Durante a nossa idade reprodutiva, o ciclo menstrual exibe variações hormonais cíclicas e previsíveis. No entanto, na perimenopausa, os ovários podem tornar-se bastante irregulares e imprevisíveis.

Durante a perimenopausa, os níveis de estrogénio não diminuem de forma linear, mas flutuam erraticamente à medida que decrescem. Essa “montanha-russa” hormonal contribui para os sintomas físicos e psicológicos, também imprevisíveis, característicos desta fase.  

Nas mulheres com ciclos menstruais regulares, o primeiro sinal da perimenopausa são as alterações menstruais — tanto na duração do ciclo quanto na intensidade do fluxo menstrual. Os ciclos tornam-se irregulares, podendo ser mais ou menos frequentes e o fluxo menstrual pode ser mais leve, mais abundante ou variar. 

Mais tarde, e à medida que a reserva ovárica diminui, os sintomas físicos e psicológicos intensificam-se, e os ciclos vão ficando cada vez mais longos até, por fim, cessarem.

Menopausa

A menopausa define-se como a última menstruação e é diagnosticada depois de 12 meses sem menstruar. Ou seja, 1 ano após a última menstruação, podemos olhar para o calendário e dizer que aquele foi o dia da nossa menopausa. 

A menopausa pode ser espontânea ou induzida, mas todas nós vamos por ela. 

Pós-menopausa

É a fase que se inicia a partir da última menstruação e é nela que vamos viver até ao final da nossa vida. Em linguagem comum dizemos que alguém já “está na menopausa” para nos referirmos à fase que ocorre após a última menstruação, mas o termo correcto é pós-menopausa. 

Para muitas mulheres, os sintomas começam a melhorar gradualmente nesta altura. No entanto, para aquelas com sintomas mais intensos, estes podem persistir, mesmo após o último período menstrual. 

Curiosidade: estar em pós-menopausa não significa necessariamente que os nossos ovários entraram em falência completa. Na verdade, após a menopausa, os ovários continuam a produzir pequenas quantidades de androstenediona, um precursor hormonal que pode ser convertido em estrogénio e testosterona noutros tecidos do corpo, como o tecido adiposo, músculos e ossos. Essa produção de androstenediona, embora menor do que antes da menopausa, desempenha um papel importante na saúde geral. 

Climatério

É o período variável da vida da mulher compreendido entre a fase reprodutiva plena e a fase não reprodutiva. Compreende as três fases: pré-, peri- e pós-menopausa). 

Fases da menopausa

Adaptado de Davis et al. 2023

Que tipos de menopausa existem? 

A maioria de nós terá uma menopausa natural, no entanto a menopausa também pode resultar de condições médicas ou intervenções que podem afetar o momento em que esta acontece.

Menopausa natural

A menopausa natural é aquela que ocorre devido ao declínio natural e espontâneo da função dos ovários sem existir nenhuma causa patológica. 

A menopausa natural costuma ocorrer entre os 45 e os 55 anos de idade. Na Europa, a idade média em que as mulheres atingem a menopausa é de 51 anos.  

Um aspeto curioso é que a idade da menopausa varia conforme a região geográfica. As mulheres de diferentes continentes entram na menopausa em idades distintas. Por exemplo, em África, na Ásia e no Médio Oriente, a menopausa tende a ocorrer mais cedo, por volta dos 47-48 anos, enquanto nos Estados Unidos a média é de 49 anos.

Menopausa iatrogénica

É a menopausa que ocorre devido a intervenções médicas que afetam a função dos ovários. As causas mais comuns são:

  • Remoção cirúrgica de ambos os ovários (ooforectomia) devido a condições como o cancro do ovário ou outras doenças ginecológicas. Esta condição é também denominada menopausa cirúrgica e está associada a sintomas mais intensos da menopausa;
  • Tratamentos de quimioterapia e radioterapia que destroem os folículos ováricos;
  • Alguns tratamentos hormonais, como determinados medicamentos utilizados no tratamento do cancro da mama ou endometriose, que podem bloquear o ciclo menstrual e induzir uma menopausa temporária.

Insuficiência ovárica prematura

A insuficiência ovárica prematura refere-se à perda da função ovárica antes dos 40 anos. 

Pode ter causas genéticas, autoimunes, infecciosas, ou resultado de cirurgia ou tratamentos para outras condições médicas (nomeadamente quimioterapia e radioterapia), mas na maioria das situações, não é possível identificar a causa. 

Estima-se que afete 1 a 3,5% das mulheres e está associada a riscos para a saúde a longo prazo se não for corrigida, concretamente doenças cardiovasculares, osteoporose, e declínio cognitivo. 

Nestas situações, desde que não haja contraindicações, o tratamento hormonal é muito importante até pelo menos à idade da menopausa natural (por volta dos 50 anos), de forma a tratar os sintomas e a prevenir complicações. 

Se tens menos de 40 anos e notares alterações menstruais, como ausência de menstruação, e se a tua mãe, irmãs ou avós tiveram a menopausa antes dos 40, é essencial procurares um ginecologista ou endocrinologista para te avaliar e acompanhar.

Menopausa precoce 

A menopausa precoce ocorre entre os 40 e 44 anos e acontece em aproximadamente 12% das mulheres. Também está associada a um aumento do risco cardiovascular, de osteoporose e demência. Por isso, tal como na insuficiência ovárica prematura é importante que discutas as tuas opções de tratamento com o teu ginecologista ou endocrinologista

Menopausa tardia

A menopausa tardia é aquela que ocorre depois dos 54 anos. 

Está associada a um aumento do risco de cancro da mama, do ovário e do endométrio, possivelmente devido à exposição prolongada aos estrogénios. 

Resumindo

  • A menopausa é um evento universal e inevitável que marca o fim da função ovárica e da capacidade reprodutiva.
  • Nos países desenvolvidos ocorre por volta dos 51 anos, mas é normal que aconteça entre os 45 e os 54 anos. 
  • A fase da nossa vida reprodutiva a que habitualmente chamamos de ‘menopausa’, divide-se em 3 fases principais: perimenopausa, menopausa e pós-menopausa.
    • PERIMENOPAUSA: período de tempo variável que se inicia com as irregularidades menstruais e que termina 12 meses após a última menstruação; é caracterizada por flutuações hormonais acentuadas que estão na origem de muitos dos sintomas
    • MENOPAUSA: é o último período menstrual e é diagnosticada após 1 ano sem menstruar
    • PÓS-MENOPAUSA: fase após a última menstruação na qual vamos viver para o resto da vida
  • A menopausa também pode ocorrer devido a intervenções médicas que afetam a função dos ovários e designa-se menopausa iatrogénica
  • A menopausa antes da idade natural, quando não tratada, está associada a riscos para a saúde a longo prazo, como doenças cardiovasculares, osteoporose e demência.

Agora que já falámos sobre as fases e tipos de menopausa, torna-se mais fácil compreender alguns termos e conceitos. Ainda assim, há muito para explorar e é natural que ainda tenhas algumas dúvidas. Por isso, convido-te a consultar os seguintes artigos que aprofundam e complementam este tema.

Artigos relacionados

Sabias quais eram as fases da menopausa? Em que fase achas que estás?

Até breve!

Rita

Fotografia: Márcia Soares

Referências

Davis SR. et al. (2023) The 2023 Practitioner’s Toolkit for Managing Menopause. Climacteric 2023,  Vol 26, NO.6, 517–536

Davis SR. et al. (2023) Menopause—Biology, consequences, supportive care, and therapeutic options. Cell 186, September 14, 2023

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Disclaimer

Os conteúdos deste site são de caráter informativo e educacional e não substituem o aconselhamento médico individualizado. As informações sobre sintomas, tratamentos, alimentação e exercício físico são generalistas e podem não ser adequadas para todas as mulheres. Para um diagnóstico correto e um tratamento adequado, consulta sempre um médico antes de iniciares qualquer tratamento, incluindo medicamentos, suplementos alimentares, planos de exercício físico, procedimentos médico-estéticos ou outros programas relacionados com a tua saúde.

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