Menopausa e saúde mental: como assim?

mulher de camisa branca segura uma vela branca acesa larga e baixa.

Fala-se cada vez mais de saúde mental (e ainda bem!), mas qual é o impacto da menopausa nesta dimensão da nossa vida? Para nos ajudar a compreender melhor esta relação, convidei a Prof.ª Doutora Roberta Frontini, psicóloga clínica com experiência no acompanhamento de mulheres em menopausa.

Neste artigo, explica quais são os sintomas mais frequentes, o que podemos fazer para promover o bem-estar psicológico e quando é importante procurar ajuda profissional.

A menopausa pode ser um momento desafiante, marcado por dúvidas e incertezas, mas também pode ser uma oportunidade para redescobrir quem somos e viver com mais autoconsciência e autenticidade.

Profª Doutora Roberta Frontini: A menopausa não é uma doença, mas um processo que faz parte do ciclo vital e que pode trazer consigo várias transformações. Estas mudanças, muitas vezes ligadas a oscilações hormonais, podem ter impacto não só no corpo, mas também na forma como a mulher se sente, pensa e se relaciona com os outros. Cada experiência é única: algumas mulheres atravessam esta etapa quase sem sintomas, enquanto outras sentem alterações marcantes no seu dia a dia. E está tudo bem com essa diversidade.

Entre as consequências psicológicas mais comuns encontramos:

  • as mudanças de humor
  • a irritabilidade 
  • uma maior sensibilidade emocional
  • episódios de ansiedade, com pensamentos de preocupação constante
  • a inquietação
  • o cansaço excessivo ou a falta de energia
  • sinais semelhantes aos da depressão, como tristeza persistente ou perda de interesse em atividades que antes davam prazer.
  • dificuldades de sono, seja insónia ou um sono pouco reparador (que, geralmente, agravam o cansaço)
  • e o sintoma mais assustador de todos: falhas de memória e dificuldade em manter a concentração. 

Nenhum destes sintomas significam fraqueza, nem perda de capacidade: estão relacionados com as alterações que o corpo atravessa nesta fase.

A autoestima pode igualmente ser afetada: mudanças no corpo, como o aumento de peso ou a alteração da pele e do cabelo, podem levar a uma sensação de perda de identidade. Algumas mulheres notam ainda alterações no desejo sexual, o que pode influenciar a intimidade e gerar insegurança ou tensão nas relações que, juntamente com alterações fisiológicas ginecológicas, podem afetar muito a vida sexual. 

Estas vivências são compreensíveis e merecem ser reconhecidas com naturalidade.

Apesar dos desafios, há estratégias que podem ajudar a atravessar esta fase de forma mais equilibrada: 

  • cuidar da alimentação;
  • manter atividade física regular;
  • respeitar os horários de sono faz diferença no bem-estar físico e emocional; 
  • investir em atividades prazerosas;
  • reservar tempo para si própria;
  • partilhar experiências com amigas ou grupos de apoio contribui para diminuir a sensação de isolamento;
  • falar abertamente com familiares ou companheiros também ajuda a criar compreensão e suporte.

Quando é que pode ser necessário procurar ajuda psicológica?

Pedir ajuda não significa fraqueza, mas sim maturidade e autocuidado. Um psicólogo é alguém que estudou muito para ajudar as pessoas a ultrapassar determinadas dificuldades, e quando não consegue ajudar deverá reencaminhar para alguém mais adequado. Poderá ir a uma consulta e, um bom psicólogo, conseguirá informar se precisará de acompanhamento psicológico, ou não. 

Mas poderá procurar ajuda se: 

  • a ansiedade, a tristeza ou o cansaço se tornarem persistentes;
  • se houver interferência em alguma esfera da sua vida: profissional, pessoal, social, etc.;
  • se houver perda de interesse nas atividades habituais;
  • se houver sentimentos de desespero.

Nestes casos, é fundamental não adiar!

A intervenção psicológica pode trazer novas perspetivas, ferramentas práticas e alívio significativo dos sintomas.

A menopausa não deve ser encarada como um fim, mas como uma etapa de transição que pode abrir espaço a novos equilíbrios e formas de viver. 

Não está sozinha neste processo: muitas mulheres passam por ele, e há apoio disponível para que esta fase seja vivida com bem-estar e qualidade de vida.

Muito obrigada, Profª Doutora Roberta Frontini!

Até breve!

Rita

Fotografia: Márcia Soares

Disclaimer

Os conteúdos deste site são de caráter informativo e educacional e não substituem o aconselhamento médico individualizado. As informações sobre sintomas, tratamentos, alimentação e exercício físico são generalistas e podem não ser adequadas para todas as mulheres. Para um diagnóstico correto e um tratamento adequado, consulta sempre um médico antes de iniciares qualquer tratamento, incluindo medicamentos, suplementos alimentares, planos de exercício físico, procedimentos médico-estéticos ou outros programas relacionados com a tua saúde.

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